quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Contradição (Contra a adição)

Acordei me sentindo atropelada por um caminhão. E olha que eu nunca fui atropelada sequer por uma bicicleta...
Deve ser a idade chegando: as costas doem, as pernas falham, e o cansaço bate com força. Será que é normal estar prestes a completar 30, mas já se sentir como se tivesse 80?
Fiz o desjejum seguindo a dieta rigorosamente, já que ontem à noite, em plena terça-feira, desejei com todas as forças da minha alma comer aquele hambúrguer artesanal. Sendo que o nome artesanal não diminui consideravelmente as calorias dessa iguaria em comparação aos produzidos pelas grandes redes de fast food. Fico pensando: desejo quem tem é grávida. O que eu tenho é outra coisa: falta de vergonha na cara por me permitir comer hambúrguer assim, no meio da semana, após a hora  de trabalho. Como se comer fosse um lazer...
E então, liguei esta máquina, que já é uma extensão melhorada do meu cérebro. E entre planos de aula, artigos científicos, textos acadêmicos, organização de documentos, músicas latinas e e-mails que se multiplicam não resisti à mais uma tentação: acessei o site da livraria Cultura, o qual acompanho desde que comprei os livros referências para a minha dissertação de mestrado. Dessa vez, acessei na expectativa de encontrar algum clássico da literatura com descontos acessíveis.
Todo mundo sabe que sou apaixonada por Clarice Lispector e José Saramago. E sempre gostei também do Fernando Pessoa. Então, não poderia simplesmente deixá-los fora da minha estante. Sim, não estou só fraquejando em me manter firme na dieta, estou falhando também em economizar o máximo possível para poder viajar para todos os lugares que pretendo este ano.
Como é difícil fazer escolhas: ser magra ou ser feliz? economizar para viajar ou gastar as economias com livros? mudar ou seguir?
Não consigo me entender: aos 22 eu não sabia o que fazer da vida.
Aos 29 sei tanto o que quero da vida que quero fazer tudo de uma vez só.
Enquanto isso vou vivendo... esperando ansiosa pela chegada dos livros, ansiosa pelas viagens que se aproximam, ansiosa para desfrutar de novo da felicidade que sinto toda fez que como aquele hambúrguer artesanal =D

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

De volta (de novo!)

O ano de 2016 foi bem tenso.
Prova disso foram os somente 11 textos que escrevi para o blog.
Menos de 1 por mês...

Eu sei que isso não é desculpa para me ausentar desse espaço.
Mas é que eu estava vivendo e por mais que antes de dormir eu pensasse em meus textos, no dia seguinte sempre tinha alguma coisa para fazer e eu simplesmente deixava para escrever depois. Enfim, o depois chegou após 4 meses...

Mas li muito, pra ser mais exata, foram 26 obras literárias, que me fizeram em muitos momentos esquecer e superar as dificuldades cotidianas que nos surgem sem que percebamos.
Tem gente que pensa que eu leio por prazer ou hobby, como uma forma de me divertir.
Enganam-se.

 Leio pra suportar a vida.

O mesmo eu poderia dizer em relação à escrita.
Mas escrever exige mais de mim... Quando eu leio os textos já estão prontos. As situações estão dadas, mesmo que eu as tenha que imaginar. Mas o esforço é mínimo. Por isso, jamais me importo de passar um final de semana em casa apenas lendo ou vendo filme, porque não há esforço nenhum em ambas atividades para mim.
E por falar em filme... em 2016 vi muitos, impossível contabilizá-los. Mas teve aquele mais marcante como o da menina que se apaixonou pelo carinha que cometeu eutanásia. Eu que sempre fui a favor dessa prática, me vi em conflito, diante da morte eminente, mas romântica que sou, esperei até a última cena do filme que ele desistisse da eutanásia por amor à ela, à eles...

A vida é mesmo uma caixinha de surpresa como me disse May há mais de uma década, quando eu estava me preparando para morar fora de casa pela primeira vez... gostei tanto disso que vim parar em outro estado, na verdade, em dois estados, que não são o meu de origem.
Sou mesmo uma andarilha, não me aguento ficar em um lugar só, eu sempre acho que sou  do mundo, eu sempre acho que em qualquer lugar vou me encaixar, mesmo que no final das contas seja nos braços dos meus pais que eu me sinta realmente em casa. Deve ser porque lar é onde o nosso coroação está.
Tem muita gente que tem casa, mas são poucas pessoas que possuem um lar.
E olha pra mim: mesmo longe, tenho um lar. E por esse lar vale a pena todos os sacrifícios que vivi no ano que passou.

Não vou pedir desculpas pelas minhas divagações... demorei tanto para escrever que veio tudo de uma só vez e os textos que estavam todos organizados em minha mente, estão saltando aos montes, querendo ser concretizados de uma vez só, independentemente do que se tratem. Quando se pensa sobre o que se fez, sobre o ano que passou e sobre o que nos espera, já estamos no segundo mês no ano novo, é muita coisa pra ser abordado. Eu juro que os textos estavam organizados com temáticas bem delimitadas, não estavam essa confusão que ficou.
Mas se você não gostou, eu sinto muito.
É assim que me sinto quando penso em como foi 2016...

Entretanto, eu seria injusta se afirmasse que o ano que passou foi um desastre total, como está ficando esse texto. Meus inimigos estão no poder, mas eu acordei lida hoje e recomeço a trabalhar depois de umas férias maravilhosas. Olha que coisa linda: este mês eu completo 1 ano (meu primeiro como professora no ensino superior) de trabalho, eis que meu sonho se concretizou. E eu só tenho que agradecer por essa realização, que me trouxe as amizades de alunas a quem eu chamo de alunas-amigas-anjo do tanto que são especiais pra mim.


E, como eu não sou a reencarnação de Jesus Cristo, nem da Madre Tereza de Calcutá (graças à Deus) tenho a total convicção de que não vou salvar o mundo, e nem ambiciono agradar a todos (nem Cristo conseguiu!). Porém, fazer parte da vida delas, acompanhar o desenvolvimento e poder contribuir com o crescimento acadêmico e profissional das minhas alunas-anjos foi a melhor coisa que me aconteceu em 2016. E eu serei eternamente grata à Deus por elas.
Todo mundo que me conhece sabe que não quero ter filhos.
Meus alunos me bastam. Eles já são os filhos que eu não terei.


Finalizo afirmando que pretendo voltar a escrever como antes... Mesmo que meus textos não sejam lidos, é bom saber que eles existem. Às vezes, inclusive, contra a minha própria vontade. Se eu não fosse professora seria escritora. Mas, de onde eu vim, todo bom professor escreve. Ainda não sou boa quanto gostaria, mas meus textos estão de volta (de novo!). Pode reclamar à vontade. Esse ano eu completo 30 e eu não tô a fim de agradar à ninguém desde aquele fevereiro de 200?