sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

anciã


Olhando as marcas e expressões na pele do meu avô eu noto como eu envelheci...
Parece haver uma troca de papeis e quem era neta passa a ser avó: ele tão cheio de desejos e esperanças e eu tão cheia de vazios e conformismos...
Envelhecer antes de completar 30 anos me parece irreal, insensato... surreal!
Mas, não só de acordo com o resultado do teste de idade mental que fiz em qualquer site sobre o tema me mostra o quão anciã eu sou. Eu insito em procurar rugas no reflexo do espelho e não me canso de procurar fios de cabelo branco em minha cabeleira. Procuro, amiúde a flacidez da minha pele e percebo que há algo de errado nisso tudo: quando eu lembro dos meus 17 anos de idade parece que aconteceu há tanto tempo que nem parece que ainda falta um ano para que se complete uma década...
Eu ouço aquelas velhas músicas, olho para aquelas velhas fotografias e, por mais que eu tente não sinto aquelas velhas emoções. Descobri que envelheci por causa desse tipo de sensação e de uma voz aqui dentro que ruge: "Você não é mais aquela jovenzinha rebelde sem causa que queria mudar o mundo". O mundo eu não mudei, nem poderia.
Mudei apenas o que estava ao meu alcance: eu mesma!
E por mais que a aparência não evidencie ou camufle, há uma anciã em mim, e eu ainda tenho tanto o que viver, que olhando as mãos do meu avô eu me pergunto: "Quem sabe um dia eu consigo ser tão jovem como ele ainda é?".

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

A aula não morre


A aula não morre, mesmo depois que termina, ela permanece...
em pedaços de papel, em fragmentos de memória, em olhares, em sorrisos, em cheiros e sabores.
Mas ela floresce, amanhece, amadurece!

A aula não morre, ela fica aqui do lado...
às vezes quieta, às vezes incerta, quase sempre intrépida, quase sempre alerta, inacabada.
Mas continua viva aqui dentro, viva em mim, viva de um jeito indeterminado!

A aula não morre, e mesmo que morra, ela reaparece...
ressurge das cinzas, em um dia nublado, a caminho de casa, ao se observar o movimento dos carros e as andanças das pessoas do outro lado.
A aula surge  num momento de suspensão, em que a cor do céu, o caminho de casa e as pessoas andando ao redor estão todas emaranhadas, todas entrelaçadas, enraizadas, inseparadas e então a aula aparece, como uma prece, como quem carece de reflexão, de ação, de reação!

A aula vive, permanece aqui do lado e sempre reaparece...
Mesmo que se passem dias, meses, anos... (décadas?)
A aula viverá, se levantará e novamente se apresentará!
Só depende de nós para que ela permaneça viva, não apenas na nossa memória, mas para que ela continue diariamente nos ajudando a construir e a modificar a nossa história.

Se não for assim, melhor que ela morra!