quinta-feira, 25 de março de 2010

Ler x Escrever


Eu penso nos livros, nas personagens dos livros, na sua mensagem. Eu penso nos olhos que permeiam as páginas, cheios de ansiedade. Eu penso nas expectativas e os objetivos desses leitores. Nada é muito explícito, há muita coisa camuflada nas frases e intenções do autor. Eu me questiono o que o levou a escrever? Será que é a mesma necessidade que eu tenho que faz mover os dedos e os neurônios dos autores a escreverem?Ou seria apenas puro lazer, puro prazer, puro 'não ter o que fazer'? Eu leio por prazer. Mas escrevo pra tentar entender. Aquilo que passa despercebido aos olhos, volta à tona nos dedos, no movimento das mãos e do pensamento que vaga e transcende a história de outrora. Há muito mais a ser lido, e, certamente, muito mais para ser compreendido. Então, eu volto a pensar nas páginas que permanecem ainda em branco, à espera da atitude das mãos e da observação do olhar. Ou melhor: à espera apenas da imaginação!

Um pouco de silêncio e um copo de água pura


Tudo o que eu tenho é uma caneta na mão e o pensamento.
As palavras me fazem companhia, mas a solidão é a palavra que mais predomina. Eu tento evitá-la. eu tento pensar na paz e na tranquilidade, mas os olhos só sentem a presença inaudível da solidão. O gosto da solidão é tão neutro como um copo de água pura e o som é quase tangível, como se fosse possível segurar o tic-tac do relógio. Então eu penso no ponteiro do relógio. Tão certo, tão exato, tão controlado. Quisera eu poder controlar as situações como o relógio controla os ponteiros, os quais, por sua vez, controlam o nosso tempo e quando menos se espera, a noite escura, eu passei em claro. A luz do sol indica um dia escuro, cheio de insônia, cheio de alguma coisa que eu não sei o que é. Seria a solidão? Mas as pessoas se fazem presente. Talvez seja eu quem não me sinta mais presente e a minha única companhia continua sendo a caneta, que insiste em escrever sobre a presença marcante da solidão.

justiça com as próprias mãos


Sou amante dos livros, dos sorrisos, dos esquisitos.
Admiro a natureza, contemplo o por do sol, mas fico fascinada com as tardes sombrias, cinzentas e nubladas.
Nem sempre admiro os homens. Quase nunca contemplo seu porte físico, mas sempre observo suas palavras e atitudes.
Tenho um bilhão de defeitos, mas ainda assim eu desejo a perfeição "como quem faz justiça com as próprias mãos".
Odeio fazer planos. Mas não consigo deixar o passado no seu devido lugar. Meu dia a dia muitas vezes se restringe às doces e amargas recordações do passado. Gostaria de saber como me livrar delas. Mas, de alguma forma, elas me fazem forte.
Não tenho nenhuma pretensão de escrever. Nem espero que me entendam, visto que nem eu mesma consegui essa façanha ainda.
Mas as palavras aparecem, quase que me obrigando a escrevê-las, surgem tão naturalmente como a nascente de um rio.
Ah, eu amo o rio. Sou apaixonada por lagos e cachoeiras. Embora também goste de contemplar o mar. Mas alguma coisa na imensidão das águas salgadas me traz uma sensação de perda, de tristeza, de muita incerteza.
A imensidão da noite me conforta. É a escuridão mais iluminada que já constatei. O silêncio das noites em claro me faz pensar nos livros, nos sorrisos, nos esquisitos. Me faz pensar na natureza e nos homens. Me faz analisar meus próprios defeitos e recordar meu passado. Então, o futuro chega pela manhã, deixando para trás a noite passada em claro e fazendo surgir um dia totalmente diferente dos demais, mas ainda assim, eu espero que a tarde seja nublada e cinzenta, pelo menos até a chegada do por do sol.
Mas, quer saber? que seja como tiver de ser. De fato eu estarei tentando entender, fazendo justiça com as próprias mãos.

sábado, 20 de março de 2010

Se não for isso, o que será?

Muito prazer, meu nome é otário, vindo de outros tempos mas sempre no horário, peixe fora d'água, borboletas no aquário.
Nem sempre faço o que é melhor pra mim, mas nunca faço o que não to a fim de fazer.
O que nos trouxe até aqui, medo ou coragem?
Talvez nenhum dos dois.
Nem tudo está perdido, outono em Porto Alegre, sou o dono dos meus passos sobre folhas mortas, o mundo fica pra outro dia, andar por aí era tudo o que eu queria.
Acontece quase tudo, não muda quase nada.
Novos horizontes, se não for isso o que será?
Se depender de mim, eu vou até o fim.